17 de fevereiro de 2025

Descartáveis?

Inspirada nos posts da minha amiga @clarabaccarin.poeta vou postar alguns registros junto a uma reflexão que tem ressoando em mim. 

"Quantas vezes ouvimos alguém dizer: 'Bem, se essa pessoa não está satisfazendo suas necessidades, você deveria ser livrar dela'? Relacionamentos são tratados como copos descartáveis. São todos iguais. São dispensáveis. Se um não funciona, deixe pra lá, jogue fora, arrume outro. Quando essa é a lógica predominante, laços de compromisso (incluindo casamentos) não podem durar. E amizades ou comunidades amorosas não podem ser valorizadas e mantidas." Bel Hooks, Tudo sobre Amor, 2000, pg. 149. 

Pra mim não existe revolução anticapitalista real sem amor. Amor fraterno, incondicional, q use estratégias de conversa pra fazer as pessoas estenderem q COMPETIR É MENOS EFETIVO QUE COOPERAR. Também, de nada vale reivindicar mudanças sociais sem mudanças intra e interpessoais. A vida social nada mais é que relações macro, se a gente parar pra pensar. 
Então COMO podemos construir sociedades justas e livres, se toda vez que a gente se dá conta de uma mancada, uma ofensa, mesmo um crime, a gente bane, cancela, mata ou oprime uma pessoa?
Creio que traição sempre é mentira. 
Sabe aquela brincadeira... "Quem aqui nunca mentiu?" A pessoa q disser "sim" incute em mentir pra si, por isso creio que nenhuma traição é grande o suficiente pra justificar uma violência deliberada contra alguém. 
"Quem não tiver pecado q atire a 1a pedra", ou seja, "quem não teve relação sexual extraconjugal?" Todo mundo safado na Judéia. 
Hoje, 70% dos casamentos com escapadinha; 80% dos casos de estupro contra crianças e adolescentes é em casa; 64% por familiares (homens cis héteros, sabemos). Então se todo mundo passa pano pra pai avô tio estuprador, por que a gente aconselha amigues e parentes a "largar" relacionamentos de longa data q não tá mil maravilhas?
Apanhei de pai, mãe, irmãos e ninguém me aconselhou a parar de falar com eles; passei por assédio moral em quase todos os lugares que trabalhei e ninguém fica feliz se vc sai do emprego. Não pretendo largar mão em vez de trabalhar por melhorar, até pq não sou a santa vítima. 
Continua em comentário.
(Pq na versão do insta chegou no limite de caracteres por aqui)
Então sim: estou deixando de "ser um casal" com minha companheira mas isso não implica a romper relações com ela, que ela é minha ex, portanto algo que deu errado e será substituído pela minha "atual", ou pior, que não é mais nada, está apagada da minha memória e nunca foi amor de verdade, já que não supriu todas as projeções do ideal de amor romântico. 
Eu sou anarquista, sou Não Monogâmica Política e isso significa que as pessoas de quem gosto são minha comunidade. Mantendo níveis minimos de saúde relacional e comunicação civilizada (CNV) eu não abandonarei nenhum dos meus afetos. Nunca. 
Essa pessoa é quem eu sou. Por isso peço que nunhuma pessoa daqui pra frente me acoselhe a esquecer e seguir em frente, cancelando a pessoa que esteve comigo por anos. Eu sigo em frente sim, celebrando todas as memórias vividas, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, do meu lado quando NINGUÉM MAIS ESTAVA. Dando nome aos bois, nunca deixarei de amar a @julie_centeno, nem meus familiares. Alguns dos meus familiares são apoiadores declarados do neofascismo brasileiro, carinhosamente apelidado de Bolsonarismo, mas ninguem me aconselha a parar de falar com eles; então eu jamais me afastarei dela, que construiu vida e realizou sonhos comigo em uma jornada de 8 anos de "namoro", que agora, ao meu ver, apenas segue existindo na minha vida de outra forma, junto com a @Amy que hoje é uma filha do coração. Eu amo a Julie Centeno de forma imperecível, e se alguem gosta de mim, deve dar conselhos construtivos e torcer pelo sucesso dessa relação, jamais seu fracasso. Provavelmente, se vc chegou até aqui, é uma pessoa importante na minha vida, que pode colaborar com a ação comunitária de acolher meus afetos. 
Salve Gaia! Salve a divina consciência que em todes habita!
Axé! 

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