11 de junho de 2014

Fatos vergonhosos

Tenho marcado na minha vida algumas situações que separo na cabeça como "fatos vergonhosos". Alguns deles na realidade acho hoje engraçados, mas me marcaram por muito tempo.
Um deles, acho que o primeiro foi no jardim de infância (5 ou 6 anos), no segundo ano em que morei em Ribeirão Preto. Eu vi duas meninas que não conhecia direito, uma contando que ia na casa da outra, isso na hora de ir embora da escola; e imediatamente fui até a minha mãe e apontei "Mami, eu quero ir na casa dela!". Essa é a parte mais clara de toda história na minha lembrança e durante muito tempo eu tive vontade de me enterrar debaixo da terra toda vez que lembrava desse dia. Minha mãe tentou me explicar: "mas você perguntou pro pai dela?" Não. Então fui direto ao pai dela "Oi. Posso ir na sua casa?" E a menina me olhou estranho e o pai já disse algo do tipo "mas ele também? como assim?" e nisso se desenrolou essa incrível descoberta de que eu não posso simplesmente olhar pra alguém pela primeira vez na vida e decidir que vou na casa da pessoa pra brincar.
minha mãe — Mas você conhece ela?
— Não, mas eu quero ir.
Pai da menina — Mas calma. Não é bem assim. A gente tem que combinar primeiro.
— Então vamos combinar?
— Vamos.
A menina era a Fernanda, que estudou depois na mesma sala que eu por 3 anos e meio. E de fato, eu acabei indo na casa dela e foi muito legal, apesar de eu ter lembranças muito vagas de como era a casa dela e do que diabos a gente brincou. Hoje eu acho só engraçado; e natural pela idade que eu tinha, mas depois que eu percebi que não podia fazer isso fiquei com esse embaraço de lembrar.
De certa maneira é algo natural quando se mora em um bairro calmo e simples, pelo menos nos tempos em que a rua ainda era um espaço lúdico. Meu irmão mais velho sei anos mais velho que eu) na época quase um quase adulto na minha cabeça tinha alguns amigos da rua, e com a escola sendo perto as vezes as duas modalidades se misturavam. Fato é que eles às vezes brincavam de polícia e ladão ou pique esconde, mas já estavam em fins da pré adolescência quando eu ainda era plenamente criança. Em uma certa tarde na frente de casa eles ficaram trocando ideia e eu estava junto, porque gostava de seguir o irmão mais velho e porque gostava de brincar com eles, mas na real essa não era uma oportunidade. Depois de um bom tempo esperando não aguentei e falei "Ué! Mas vocês só ficam aí falando! A gente não vai brincar??!" Todos eles deram risada e eu não entendi. Mais um ponto pro fatos vergonhosos!
Engraçado, que quando eu é que era o pré-adolescente, já em São Paulo, e queria me desvencilhar de atitudes de criança, me vi numa situação inversa quando uma colega chamada Camila chamou a mim e ao meu amigo Lukas pra ir na casa dela. A gente acabou perguntando "Mas pra quê?" e ela "pra brincar!" toda animada. A gente achou esquisitíssimo e eu lembrei bem desses dois causos, mas no fim fomos e tal e me lembro mais da gente ouvindo música muito alto na pegada headbanger do que algum momento mais da "brincadeira" mesmo.
Camila, o nome do fato que acho que foi o segundo, também em Ribeirão. A gente era bem amigo (como eu conto na amizade, brincávamos de cavalo o tempo todo e tal) e como ela teve que sair da escola no fim do segundo ano (1997), meio triste de sair da escola, deu uma "cartinha de natal" pra todos os alunos de despedida. Essa expressão é muito importante porque ela é que fodeu tudo. Como na minha cabeça "cartinha de natal" era aquela que a televisão diz que a gente manda ao papai noel eu simplesmente ignorei a mensagem de afeto que ela me mandou e escrevi por cima daquilo algo do tipo "Papai Noel, quero ganhar uma bicicleta..." e ela chorou rios de lágrimas por conta do que eu fiz. hahahaha e eu (idiota, clueless) fiquei tipo "Ué! Não é uma cartinha de natal? Então!" Depois de entender direito o que tinha acontecido esta também teve que entrar para o hall de fatos vergonhosos.

Não gosto de post longo. Escrevo mais fatos vergonhosos e mais possíveis memórias outro dia.
Não percam! hahaha

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